O segredo das grandes águas
Data de publicação: 03/01/2019
Uma aldeia Kaingang vivia à margem de um sereno rio que os índios chamaram Iguaçu (grandes águas). Os índios cultuavam Tupe, o deus criador, mas sabiam que o rio era a morada de M’Boí, a serpente das águas. A cada primavera, ofertavam uma jovem ao deus serpente, em um ritual que visava apaziguar sua ira e garantir a vida da tribo.
Em certo ano a escolhida para a oferenda foi Naipí, filha do põ’i (chefe). A jovem amava o valente guerreiro Tarobá, que, inconformado, preparou uma hoinaká (canoa) e, na noite anterior à cerimônia de oferenda, fugiu com sua amada, rio abaixo.
Na aldeia ninguém testemunhou a aventura do casal, mas o deus serpente, despertado das profundezas pelo leve toque do remo na água, encheu-se de despeito, afundou seu enorme corpo na lama do fundo do rio, sacudiu-se violentamente e abriu uma imensa cratera que tragou a corrente e a pequena hoinaká.
O jovem Tarobá foi transformado em uma palmeira solitária à beira do abismo e Naipíu tornou-se uma pedra açoitada pela queda das grandes águas, eternamente vigiada pela serpente. Desde então quando surge um arco-íris unindo a palmeira e a pedra sobre as grandes águas do Iguaçu é sinal de que o deus M’Boí adormeceu e os dois jovens podem ter um breve momento de encontro.
Em certo ano a escolhida para a oferenda foi Naipí, filha do põ’i (chefe). A jovem amava o valente guerreiro Tarobá, que, inconformado, preparou uma hoinaká (canoa) e, na noite anterior à cerimônia de oferenda, fugiu com sua amada, rio abaixo.
Na aldeia ninguém testemunhou a aventura do casal, mas o deus serpente, despertado das profundezas pelo leve toque do remo na água, encheu-se de despeito, afundou seu enorme corpo na lama do fundo do rio, sacudiu-se violentamente e abriu uma imensa cratera que tragou a corrente e a pequena hoinaká.
O jovem Tarobá foi transformado em uma palmeira solitária à beira do abismo e Naipíu tornou-se uma pedra açoitada pela queda das grandes águas, eternamente vigiada pela serpente. Desde então quando surge um arco-íris unindo a palmeira e a pedra sobre as grandes águas do Iguaçu é sinal de que o deus M’Boí adormeceu e os dois jovens podem ter um breve momento de encontro.
Pesquisa comparativa de Ensino Religioso

• A mitologia primordial Kaingang não se refere expressamente a um deus criador. Fala dos heróis gêmeos Kayrú e Kamé, que juntos criaram a natureza, a terra, as águas, os animais e os seres humanos, sempre se intercalando em uma dualidade positiva que requer a contínua complementaridade: noite-dia, homem-mulher, sol-lua...
• O povo vê-se formado por duas origens: os descendentes de Kayrú e os de Kamé. Cada grupo tem características psíquicas e espirituais que complementam o outro. Por isso os casamentos e outras alianças não devem ocorrer entre semelhantes, mas sempre no encontro das duas partes diferentes.
• As ideias de um deus criador bondoso, Tupe (ou Tupã) e de seu rival, o deus da ira e da vingança personificado na serpente, podem ter sido resultado da assimilação de uma linguagem catequética cristã inerente ao processo de colonização e inserida no relato original.
• Igualmente o uso do arco-íris como símbolo de aliança lembra a linguagem mítica do dilúvio bíblico, tendo-se presente que um dos mais importantes mitos Kaingang é justamente o do dilúvio, que teria precedido o surgimento dos dois heróis míticos criadores da humanidade.
Estas e outras aproximações podem ser feitas na sala de aula, mediante a pesquisa e o conhecimento da cultura indígena e da história de aculturação sofrida por esses povos durante a história do Brasil.
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Organização social e cosmovisão Kaingang
www.libdigi.unicamp.br/document
Kaingangs na conquista da cidadania
www.extensio.ufsc.br
Semana dos Povos Indígenas 2003
www.comin.org.br/news/publicacoes
Cosmologia e práticas rituais Kaingang
www.libdigi.unicamp.br/docum.
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Fonte: Diálogo n 57 Fev/Abr 2010
Postado por: Diálogo
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