SUMÁRIO - EDIÇÃO 80
Data de publicação: 30/09/2015
EDITORIAL

O impulso para voar
Um dos principais símbolos culturais de Gana, na África, é o sankofa, o pássaro que olha para trás. A ave possui a faculdade de conquistar alturas. No entanto, antes de alçar o voo, volta-se, como medindo seu ponto de impulso. Esse movimento, para o ganês, é símbolo da memória do passado, que apoia o ato de lançar-se para o futuro.
O conceito de memória é indispensável a qualquer cultura, nessa época midiática, na qual as presenças significativas cedem lugar a encontros virtuais entre desconhecidos, em uma bolha tecnológica de presentismo. É o alto pedágio cobrado ao indivíduo pelo direito de se equilibrar sobre as linhas de fronteira das épocas, Histórica e Pós-Histórica; Humana e Pós-Humana; Cultural e Pós-Cultural.
O mais preocupante em tudo isso é saber que o isolamento no presente é a condição de existência do animal, que é guiado por registros orgânicos e funcionais, sem consciência do tempo. Na perspectiva metafísica, o ser humano é distinto de todos os seres da natureza, justamente por sua memória espiritual, representativa, simbólica, criativa, transformadora e cronológica, que transcende as funções orgânicas primárias do cérebro.
A memória é essencialmente social, porque supõe sujeitos que narram, escutam, ritualizam e preservam legados culturais de uma geração para a outra. Uma pessoa isolada, ou que só interage virtualmente com estranhos, não pode revelar memória, compreender a própria identidade nem produzir cultura. Por isso, talvez, antes de desvendar os enigmas e riscos de todos os “pós” que rondam o presente, seja preciso conhecer a oralidade milenar dos povos tradicionais e seus modos essenciais de viver e de preservar uma identidade humana que olha sem medo para o futuro.
CULTURA

BRASIL
Coração de cristal
Com mais de um bilhão e meio de anos, um terço da idade do Planeta, a Chapada dos Veadeiros, no coração do Cerrado Brasileiro, esconde maravilhas milenares, como as pedras esculpidas pela água corrente, que formam o assustador e empolgante Vale da Lua.
Pedro Rivalori

ENTREVISTA
O tear da memória
O jovem Kwabena Osei Tutu Asante fala de Gana, seu país natal e descortina o alcance de uma cultura secular apoiada na oralidade, a começar pelo nome, que o identifica como uma verdadeira cédula de identidade.

PERSONALIDADE
A Física do simples
Aos 90 anos de idade, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman não se arrepende de ter renunciado ao sonho de ser físico e assumido uma vida simples e inteiramente dedicada ao humanismo, por meio das ciências sociais.
Maria Inês Costa Carniato
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VOCÊ SABIA
Passos espirituais
Em defesa da terra sagrada de Wirikuta, o povo Huichol, do México, não teme chamar a atenção do mundo para o futuro sombrio que as empresas de mineração impõem a este território que é palco de um dos mais antigos rituais religiosos conhecidos pela humanidade.

ARTIGO 1
Deus é brasileiro
Escrito pela autora do livro Religiões na História do Brasil, o artigo desvenda os processos de encontro e reelaboração das matrizes religiosas, que salvaguardaram as crenças e permitiram às pessoas construir resistência e identidade por meio das religiões.
Maria Cecília Domezi

ARTIGO 2
A paz começa pela tolerância
Ao contrário do que se pensa, o cotidiano da população brasileira esconde uma boa dose de racismo, preconceito e exclusão no que se refere às diferenças religiosas. A tolerância, porém, só será um fato, quando as próprias religiões conseguirem dar testemunho de uma vivência de paz.
Jerry Adriano Villanova Chacon

Religião não se discute (?)
Falar de questões religiosas instigantes na sala de aula foi uma estratégia bem-sucedida que surpreendeu os professores e os estudantes da EJA (Educação de Jovens e Adultos) da Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará, em Belém. A experiência motivou a todos para continuarem debatendo sobre a diversidade religiosa e os desafios que ela representa no cotidiano.
Devison Amorim do Nascimento

RESENHA
Religiões na História do Brasil
O livro com esse título descreve e analisa a formação do povo brasileiro do ponto de vista das religiões e constata que a diversidade e a pluralidade são elementos constitutivos de nossa história.

Energia extrema
A Bandeira da Paz, tremulando no Pico dos Cabritos, onde a Mata Atlântica encontra a Serra da Mantiqueira, foi o centro da 6ª Feira Holística de Extrema (MG). O local reuniu profissionais e adeptos da alimentação e da medicina naturais, e outras pessoas conscientes de que a natureza é a nossa maior fonte de energia, desde que tenhamos com ela, uma relação de paz.
Madalena Costa

TERRA
Um mar de sede
O perigoso fenômeno das dolinas na praia e a baixa do nível da água são sinais de alerta para o risco de o Mar Morto, um dos símbolos do Oriente Médio, desaparecer, se não forem tomadas medidas urgentes.
Saulo de Gíscala

SOCIEDADE
Tradição e modernidade, um diálogo pertinente
Universidades Brasileiras começam a convidar mestres indígenas e quilombolas para ensinarem os saberes tradicionais, superando a ideia de cultura reduzida ao saber clássico ocidental escrito.
César Vicente

EM PAUTA
Mãos ao alto, excelência
O Dia Internacional de Combate a Corrupção, 9 de dezembro, é uma prova de que essa inconveniente prática se espalha pelo mundo inteiro. Outra prova, é a frequência com que ela é citada por antigos textos sagrados, que a consideram uma das piores faces do mal no mundo.

SUA PÁGINA
Pensar é criar
A ambientalista e professora de Ensino Religioso Arianne Caldas dá dicas de como unir consciência ecológica, reciclagem, trabalho coletivo, pesquisa e dados do Fenômeno Religioso, em oficinas que despertam o pensamento crítico e a criatividade.

MÃOS À OBRA
Frente a frente
Ideias importantes e pontos para debate, selecionados de cada uma das matérias, auxiliam o leitor na arte de extrair o máximo de tudo o que a revista proporciona para o conhecimento pessoal ou coletivo.
Fonte: Diálogo 80 -OUT/2015
Postado por: Diálogo
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