Liderança em tempo de crise
Data de publicação: 06/10/2017
Eliane Ribeiro Chaves *

É incrível como as pessoas conhecem o que é liderança, sabem prontamente apontar uma boa liderança ou não no mundo social, político, econômico, esportivo, cultural, empresarial e até no contexto familiar. Mas, diante da crise, como um bom líder é visto pelo seu time, parceiros e sócios? O que é esperado dele, nesses momentos?
Independentemente de qual contexto em que a liderança atua, todos os que exercem essa função se deparam com crises em algum momento de sua trajetória de vida. Na prática, ser líder é sinônimo de resolver problemas. E, para solucioná-los, no campo das decisões, independentemente em qual categoria possam se enquadrar (financeira, técnica, social, política, educacional, familiar etc.), um bom líder sabe que no centro de tudo estão as pessoas, que são seus liderados, seus clientes, seus parceiros, seus fornecedores, seus alunos, seus familiares, enfim, quando a crise é aguda, são essas pessoas que serão afetadas diretamente pelas decisões a serem tomadas.
Mas, afinal, de qual crise estamos falando? Crise econômica? Crise moral? Crise social? Crise familiar? Crise existencial? Há momentos que são várias crises dentro de uma mesma crise.
Segundo os gregos crise significa “ponto agudo de uma doença” e em inglês, “o momento da mudança” (turning point). E mudanças provocam angústias, principalmente se estamos num cenário de muitas incertezas e complexidades. E a reflexão que passa na mente e no coração das pessoas é se perguntarem: Como chegamos nessa crise? O que fizemos para “criar essa doença”? Como lidar com a realidade, sem complicar mais ainda?
A atitude esperada de um bom líder, diante de qualquer tipo de crise, é enfrentá-la com coragem! Nessa hora, o líder tem que comparecer, mesmo admitindo que não tem todas as respostas (isso se chama humildade) e nem tendo todos os recursos (isso se chama racionalidade).
Mente, coração e atitudes
A sabedoria do líder nasce quando se une a mente (o pensar) e o coração (o sentir) nas suas atitudes (ação). Fugir, ignorar, agredir, terceirizar culpas são atitudes de líderes “desesperadores”. Diante da crise, o que as pessoas precisam são de líderes “inspiradores”, que mobilizam os liderados para o enfrentamento dos problemas.
Mais do que nunca, neste momento é que se deve convocar e liberar a criatividade das pessoas. A comunicação tem de ser clara, transparente, direta e sem rodeios, para que todos os envolvidos saibam da situação e possam ser convocados para encontrar as soluções urgentes, práticas e viáveis.
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O líder é capaz de envolver e mobilizar toda a sua equipe em vista da meta proposta | |||
O líder inspirador e consciente deve estar presente de corpo e alma, atento a todos os detalhes, aberto a ouvir a opinião das pessoas, buscar a sabedoria delas de dentro e de fora, comandar com pulso firme tudo que pode agravar a crise (contenção de gastos; gestão do fluxo de caixa, manobras de resistências e sabotagens, perda de credibilidade ou reputação, dentre outros riscos) e gerenciar os processos de mudanças, de ajustes e de inovação.
Se o líder se mostrar confiável, se o seu propósito for nobre, digno de ser alcançado, tenha certeza que o time vem junto! As pessoas dão o melhor de si quando o líder é autêntico, determinado, coerente, transparente, empático, humilde para aprender e a se reciclar nos momentos agudos de uma crise, administrando suas emoções e demonstrando que seus valores essenciais são inegociáveis.
Pare um pouco a leitura e pense na sua lista de bons exemplos de liderança, que conquistaram a sua admiração pessoal e reflita sobre eles: quais foram as grandes atitudes inspiradoras (competência de agir diante da crise); observe a habilidade de comunicação direta e objetiva (arte de inspirar), a capacidade de mobilizar os talentos e a inteligência das pessoas à sua volta para superar a crise (arte de desenvolver pessoas) e a coerência entre o discurso e a prática (fidelidade aos valores e princípios). É desse tipo de homens e mulheres que precisamos em nosso mundo, em nosso país, em nossas instituições, em nossas empresas, em nossas escolas e universidades, em nossas famílias.

Gerente da Unidade de Desenvolvimento Empresarial do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Mato Grosso.
Fonte: Edição Nº86 Abr/Jun 2017
Postado por: Diálogo
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