A alegria de Purim
Data de publicação: 06/08/2018
A alegria de Purim
Purim é uma das mais conhecidas festas do povo judeu. O ano de 2014 corresponde a 5775 do calendário religioso lunar do judaísmo, e a festa começa na madrugada do dia 11 do mês de Adar, ou 13 de março no calendário civil, gregoriano.
O feliz destino do povo
A proximidade da data com o carnaval faz Purim ser popularmente chamada de “carnaval judaico”. De fato, as fantasias infantis, os instrumentos musicais e o caráter humorístico da festa assim a caracterizam. É divertida e ruidosa porque lembra uma passagem bíblica na qual os judeus que viviam na Pérsia foram salvos do extermínio por uma adolescente e um ancião.
O texto sagrado
A Bíblia hebraica (que corresponde ao Antigo Testamento) traz entre seus escritos a megillah (rolo) de Ester. Surgido na Palestina por volta do século 2º a.E.C. (antes da Era Comum ou Era Cristã), o livro narra o que ocorreu, a cerca de 300 anos antes, na Pérsia onde viviam descendentes dos judeus que haviam sido exilados para lá quando a região chamava-se Babilônia.
Ester é uma adolescente órfã que é levada entre outras jovens para o harém do rei Achashverosh, identificado pelas traduções gregas do texto como rei Artaxerxes ou Xerxes. As meninas passavam uma noite à disposição do rei e, as que o agradassem, ficavam no palácio como concubinas. Quando chegou a vez da menina judia, o rei deixou-se arrebatar pela beleza dela e decidiu desposá-la no lugar da rainha Vasti, que ele havia repudiado por não poder dominá-la como desejava. Elevada a rainha, Ester não revelou a sua origem estrangeira.
Passado um tempo, o ancião judeu Mordekai que era parente e tutor de Ester, recusou-se a prestar reverência ao vizir do rei, o orgulhoso Haman. O vizir, indignado, forjou calúnias e convenceu o rei a decretar a morte dos judeus. Depois lançou a sorte sobre a data em que o decreto seria executado e selou o dia do destino do povo, 11 de Adar.
Todos os judeus da Pérsia caíram em grande angústia, e Mordekai animou Ester para pedir ao rei a revogação do decreto. A jovem, munida de coragem, revelou sua origem judaica e suplicou pela vida de seu povo. O rei foi tocado pelo amor, sensibilizou-se com o sofrimento dela, deu liberdade aos judeus e condenou o vizir Haman à mesma forca que este havia sugerido que se aplicasse a Mordekai. Naquele dia, os judeus saíram às ruas festejando com cânticos e trocaram entre si pratos saborosos, pois a angústia não lhes tinha permitido sequer tomar alimento.
Como entender o texto
O termo purim vem da antiga língua acádica e quer dizer “destinos”. Refere-se ao sortilégio que o traiçoeiro Haman lançou sobre os judeus e que providencialmente se virou contra ele. A palavra destino, pur no singular, é uma importante chave de leitura para se compreender algo da antiguíssima origem desse relato sagrado judaico. Ele parece reproduzir elementos de um mito persa que era encenado e recitado na festa de Ano-novo no começo da primavera. Esse mito queria ensinar que, em cada começo de ano, o deus Marduk vence o caos e retoma na mão o destino de todos.
Sinais importantes levam a pensar que os judeus refletiram sobre as narrativas persas e ressignificaram a festa, dando a ela o sentido de resistência contra a discriminação e as perseguições que sofriam como estrangeiros na Pérsia. Os nomes dos personagens do livro de Ester conservam as mesmas raízes dos nomes de personagens do antigo relato mítico:
Deus Marduk – herói Mordekai
Deusa Ishtar – heroína Esther
Deus Anshar – rei Achashverosh (em aramaico) ou Assuero (em latim).
Deus Hanunna, administrador dos destinos das pessoas – vizir Haman lança a sorte sobre o destino dos judeus.
A alegria de Purim consiste na leitura e na recriação do texto sagrado judaico com teatro, cânticos, instrumentos musicais, muitas cores e roupas a caráter para as crianças. Também a alimentação simbólica faz parte do modo como as famílias judaicas transmitem para as crianças os conhecimentos e os valores de sua tradição religiosa. De modo divertido e atraente, todos renovam a certeza de que só a união e a amizade podem conservar a identidade judaica ao longo dos séculos, ainda que em meio às mais diferentes culturas.
Mitzvot (mandamentos) de Purim
A festa é precedida pelo dia de jejum de Ester, que revive o dia em que os antepassados na Pérsia experimentam a aflição do decreto de extermínio.
Na festa são observados os mitzvot:
1. Cumprir o taanit (jejum) de Ester na véspera.
2. Ouvir a leitura da meguilah (texto) de Ester à noite na sinagoga e pela manhã em casa. Quando é pronunciado o nome de Haman, as crianças fazem barulho com o raashanim (reco-reco), porque o nome dele não merece ser ouvido.
3. Enviar a Mishloach Manot (alimentos como presente): deve ser mandada uma cesta de alimentos a duas famílias amigas, como sinal da união.
4. Dar o Matanot Laevionim (presente aos necessitados): deve ser feita uma doação de alimentos ou dinheiro para duas pessoas pobres.
5. Vestir as crianças com fantasias dos personagens bíblicos e promover apresentações e brincadeiras.
6. Reunir a família e amigos para a refeição festiva no fim do dia de Purim.
Atividade de Ensino Religioso
Procurar na Bíblia o livro de Ester.
Ler no capítulo 9, os versículos 20 a 32 (Est 9,20-32) – a origem da festa de Purim.
Identificar
1. A tradição religiosa que celebra essa festa – (judaísmo).
2. O texto sagrado onde se encontra o relato (Bíblia hebraica ou Antigo Testamento).
Pesquisar em outras fontes disponíveis e descobrir
1. O rito religioso de Purim (leitura da meguilah de Ester na sinagoga e em família).
2. As atitudes éticas vivenciadas na festa (trocar alimentos com os amigos, ajudar pessoas necessitadas, reunir-se com a família para a refeição).
3. Os principais símbolos da festa (os biscoitos de três pontas hosnê haman, o reco-reco raashanim e o rolo da Escritura meguilah de Ester).
Promover um diálogo sobre a importância dos ensinamentos de Purim para os dias atuais.
Purim é uma das mais conhecidas festas do povo judeu. O ano de 2014 corresponde a 5775 do calendário religioso lunar do judaísmo, e a festa começa na madrugada do dia 11 do mês de Adar, ou 13 de março no calendário civil, gregoriano.

A proximidade da data com o carnaval faz Purim ser popularmente chamada de “carnaval judaico”. De fato, as fantasias infantis, os instrumentos musicais e o caráter humorístico da festa assim a caracterizam. É divertida e ruidosa porque lembra uma passagem bíblica na qual os judeus que viviam na Pérsia foram salvos do extermínio por uma adolescente e um ancião.
O texto sagrado
A Bíblia hebraica (que corresponde ao Antigo Testamento) traz entre seus escritos a megillah (rolo) de Ester. Surgido na Palestina por volta do século 2º a.E.C. (antes da Era Comum ou Era Cristã), o livro narra o que ocorreu, a cerca de 300 anos antes, na Pérsia onde viviam descendentes dos judeus que haviam sido exilados para lá quando a região chamava-se Babilônia.
Ester é uma adolescente órfã que é levada entre outras jovens para o harém do rei Achashverosh, identificado pelas traduções gregas do texto como rei Artaxerxes ou Xerxes. As meninas passavam uma noite à disposição do rei e, as que o agradassem, ficavam no palácio como concubinas. Quando chegou a vez da menina judia, o rei deixou-se arrebatar pela beleza dela e decidiu desposá-la no lugar da rainha Vasti, que ele havia repudiado por não poder dominá-la como desejava. Elevada a rainha, Ester não revelou a sua origem estrangeira.
Passado um tempo, o ancião judeu Mordekai que era parente e tutor de Ester, recusou-se a prestar reverência ao vizir do rei, o orgulhoso Haman. O vizir, indignado, forjou calúnias e convenceu o rei a decretar a morte dos judeus. Depois lançou a sorte sobre a data em que o decreto seria executado e selou o dia do destino do povo, 11 de Adar.
Todos os judeus da Pérsia caíram em grande angústia, e Mordekai animou Ester para pedir ao rei a revogação do decreto. A jovem, munida de coragem, revelou sua origem judaica e suplicou pela vida de seu povo. O rei foi tocado pelo amor, sensibilizou-se com o sofrimento dela, deu liberdade aos judeus e condenou o vizir Haman à mesma forca que este havia sugerido que se aplicasse a Mordekai. Naquele dia, os judeus saíram às ruas festejando com cânticos e trocaram entre si pratos saborosos, pois a angústia não lhes tinha permitido sequer tomar alimento.

O termo purim vem da antiga língua acádica e quer dizer “destinos”. Refere-se ao sortilégio que o traiçoeiro Haman lançou sobre os judeus e que providencialmente se virou contra ele. A palavra destino, pur no singular, é uma importante chave de leitura para se compreender algo da antiguíssima origem desse relato sagrado judaico. Ele parece reproduzir elementos de um mito persa que era encenado e recitado na festa de Ano-novo no começo da primavera. Esse mito queria ensinar que, em cada começo de ano, o deus Marduk vence o caos e retoma na mão o destino de todos.
Sinais importantes levam a pensar que os judeus refletiram sobre as narrativas persas e ressignificaram a festa, dando a ela o sentido de resistência contra a discriminação e as perseguições que sofriam como estrangeiros na Pérsia. Os nomes dos personagens do livro de Ester conservam as mesmas raízes dos nomes de personagens do antigo relato mítico:
Deus Marduk – herói Mordekai
Deusa Ishtar – heroína Esther
Deus Anshar – rei Achashverosh (em aramaico) ou Assuero (em latim).
Deus Hanunna, administrador dos destinos das pessoas – vizir Haman lança a sorte sobre o destino dos judeus.
A alegria de Purim consiste na leitura e na recriação do texto sagrado judaico com teatro, cânticos, instrumentos musicais, muitas cores e roupas a caráter para as crianças. Também a alimentação simbólica faz parte do modo como as famílias judaicas transmitem para as crianças os conhecimentos e os valores de sua tradição religiosa. De modo divertido e atraente, todos renovam a certeza de que só a união e a amizade podem conservar a identidade judaica ao longo dos séculos, ainda que em meio às mais diferentes culturas.

A festa é precedida pelo dia de jejum de Ester, que revive o dia em que os antepassados na Pérsia experimentam a aflição do decreto de extermínio.
Na festa são observados os mitzvot:
1. Cumprir o taanit (jejum) de Ester na véspera.
2. Ouvir a leitura da meguilah (texto) de Ester à noite na sinagoga e pela manhã em casa. Quando é pronunciado o nome de Haman, as crianças fazem barulho com o raashanim (reco-reco), porque o nome dele não merece ser ouvido.
3. Enviar a Mishloach Manot (alimentos como presente): deve ser mandada uma cesta de alimentos a duas famílias amigas, como sinal da união.
4. Dar o Matanot Laevionim (presente aos necessitados): deve ser feita uma doação de alimentos ou dinheiro para duas pessoas pobres.
5. Vestir as crianças com fantasias dos personagens bíblicos e promover apresentações e brincadeiras.
6. Reunir a família e amigos para a refeição festiva no fim do dia de Purim.
Atividade de Ensino Religioso
Procurar na Bíblia o livro de Ester.
Ler no capítulo 9, os versículos 20 a 32 (Est 9,20-32) – a origem da festa de Purim.
Identificar
1. A tradição religiosa que celebra essa festa – (judaísmo).
2. O texto sagrado onde se encontra o relato (Bíblia hebraica ou Antigo Testamento).
Pesquisar em outras fontes disponíveis e descobrir
1. O rito religioso de Purim (leitura da meguilah de Ester na sinagoga e em família).
2. As atitudes éticas vivenciadas na festa (trocar alimentos com os amigos, ajudar pessoas necessitadas, reunir-se com a família para a refeição).
3. Os principais símbolos da festa (os biscoitos de três pontas hosnê haman, o reco-reco raashanim e o rolo da Escritura meguilah de Ester).
Promover um diálogo sobre a importância dos ensinamentos de Purim para os dias atuais.
Fonte: Dialogo 73 Fevereiro/Abril de 2014
Postado por: Diálogo
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