15 (mil) anos da consciência (humana) negra
Data de publicação: 28/10/2013

O Movimento Negro celebrou em 2010 os 15 anos da 1ª Marcha da Consciência Negra, iniciada em 20 de novembro de 1995, em comemoração aos três séculos da morte de Zumbi dos Palmares, o líder mais emblemático da resistência afro-descendente no Brasil.
O nome Palmares deve-se à abundância de palmeiras da espécie carnaúba, então existentes na Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, hoje estado de Alagoas, onde se formou a comunidade denominada por seus habitantes como Angola Janga ou Pequena Angola, no vocabulário banto da resistência. Resistência esta desenvolvida em todo o território escravista por inteligentes e heroicas estratégias de defesa e de sobrevivência, dignas de pessoas que herdaram da terra-mãe a luz do primeiro lampejo de inteligência humana que brilhou sobre a Terra.
Os 15 anos de avanço da consciência de ser negro no Brasil despertam, analogicamente, a memória dos últimos 15 mil anos de evolução da espécie humana na África, quando os modos de construção da convivência social foram materializados pela primeira vez em forma de civilização.
Além de comprovar hipóteses acerca da origem africana dos primeiros seres inteligentes, como também das atividades e instituições que constituem a sociedade, a ciência atual tem meios para calcular tempos e idades em número de séculos e milênios. A arqueologia faz datações e revela, por exemplo, que há mais de 40 mil anos os habitantes do atual Saara fixaram nas rochas o resultado de seu refinado senso estético e simbólico com materiais que estão em perfeito estado até o presente.
A primeira grande civilização da humanidade, o Egito, surgido ao norte da África, há 5.100 anos, foi uma sociedade organizada, com política, arquitetura, urbanismo, religião, escrita, arte, música e conservação material do saber adquirido. Os faraós foram os primeiros chefes de Estado da humanidade. A mais de 4.600 anos os arquitetos egípcios conheciam cálculos e técnicas capazes de erguer as primeiras construções mais colossais e inabaláveis até hoje conhecidas. Nos templos dos deuses egípcios surgiram a coluna, o capitel, a cornija e o baixo relevo e outros estilos arquitetônicos mais tarde usados em templos e palácios de civilizações que deles se apropriaram.

Origem africana dos quilombos brasileiros
A miscigenação dos Jangas, com populações do grupo banto do Congo, de Moçambique e de Angola, originou o povo Imbangala, do qual provinha parte das pessoas traficadas e vendidas como escravas no Brasil nos séculos 16 e 17. Estes africanos e seus descendentes continuaram lutando pela liberdade por meio de revoltas ou fugas que, quando bem-sucedidas, deram origem aos quilombos, situados nos locais mais inacessíveis aos perseguidores.
Mais de 2.500 comunidades quilombolas povoam o território nacional e guardam elos perenes com princípios de vida herdados dos primeiros quilombolas nascidos na África. Os quilombos brasileiros evoluíram, de refúgios de fugitivos e locais de resistência à perseguição – que foram na origem – para comunidades familiares organizadas de modo coletivo, com lideranças sociais e espirituais, regidas por valores da propriedade coletiva, do trabalho comunitário, do igual acesso de todos aos bens de sobrevivência, da conservação e transmissão fiel do legado cultural e religioso, material e imaterial, dos antepassados durante mais de quatro séculos, e, ainda, da consciência da ancestralidade africana.
Pesquisa de Ensino Religioso
- Pesquisar acerca dos principais grupos culturais religiosos da África: Banto e Iorubá.
- O nome dado ao Criador.
- Os mitos de origem da Terra e das pessoas.
- A importância do fogo, da floresta, da árvore, da terra, dos rios, do mar, em cada uma dessas tradições religiosas.
- Os deuses e espíritos cultuados na tradição banto e na iorubá.
- A identificação destes elementos nas religiões afro-brasileiras atuais.
Fonte: Diálogo 60 - Out/Dez 2010
Postado por: Diálogo
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