Fé na paz
Data de publicação: 17/09/2018

Por, Nathan Xavier
Quem diz matar em nome de Deus nunca, na verdade, o conheceu nem tem consideração por suas criaturas
Em assuntos que envolvem religião e violência é muito comum encontrarmos comentários acalorados de pessoas defendendo o desaparecimento completo das religiões. O argumento geral é que as religiões são as maiores responsáveis pelas guerras e lutas sangrentas ao longo dos séculos. Porém, representantes de diversas religiões concordam que uma interpretação fundamentalista e instrumentalizada de textos sagrados leva as pessoas, e não as religiões, a praticarem atos violentos em nome de alguém que, garantem, não é Deus.

Mohamed Zeinhom Abdien, presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro, em nota de repúdio aos atentados de 13 de novembro passado em Paris (França), segue a mesma linha dos representantes cristãos ao afirmar que o Islã é a religião da paz. “Os indivíduos ou grupos que praticam ações criminosas não representam ninguém, senão a si mesmos, e devem ser levados à justiça para responderem pelos seus atos. Não devemos julgar uma religião pela conduta desse ou daquele suposto seguidor, mas sim pelo que de fato a religião promove”, assegura.
Justiça – Segundo religiosos e religiosas, uma autêntica prática da fé, além de não contribuir para a violência, não é passiva ao se confrontar com os problemas da sociedade. A tal propósito, a monja budista Coen Sensei ensina que as religiões contribuem para a paz “educando seres de paz, em paz e na paz, e renovando os valores éticos básicos de nosso pequeno mundo globalizado”. A ética, segundo ela, é uma das boas contribuições das religiões ao mundo. Já o pastor Romeu lembra que a palavra paz em hebraico – shalom – tem um sentido mais amplo. “Implica estar completo, são e bem em todos os sentidos. Ela tem um sentido social e religioso. Não se trata apenas da ausência de guerras e conflitos entre as pessoas, mas também da reconciliação com Deus, que possibilita a paz com os nossos semelhantes. É uma paz com justiça que gera satisfação pessoal e coletiva”, orienta. Citando Paulo apóstolo, padre José Bizon arremata que a paz é fruto da justiça. “A religião é ética e trabalha pela paz que gera justiça. Precisa ser aquela que se põe ao lado de quem tem dor, de quem está sofrendo ou sendo explorado”, completa.
O papa Francisco, em sua recente mensagem para o Dia Mundial da Paz, comemorado em 1º de janeiro, fala exatamente de uma das causas da injustiça. “A indiferença para com o próximo – filha da indiferença para com Deus – assume as feições da inércia e apatia que alimentam a persistência de situações de injustiça e grave desequilíbrio social, as quais podem levar a conflitos ou gerar um clima de descontentamento que ameaça desembocar, mais cedo ou mais tarde, em violências e inseguranças.”
A mensagem do papa reforça ainda a necessidade de mudar a mentalidade de que a paz é algo passivo. “A paz é fruto de uma cultura de solidariedade, misericórdia e compaixão. Cada um é chamado a reconhecer como se manifesta a indiferença na sua vida e a adotar um compromisso concreto que contribua para melhorar a realidade onde vive, a começar pela própria família, a vizinhança ou o ambiente de trabalho.” Em razão disso, o pastor Romeu ressalta a importância de ser justo, honesto e cuidar dos menos favorecidos sem explorar ninguém, e alfineta: “Cremos que não é nada difícil confrontar esses alicerces básicos com o que acontece em nosso País hoje e poder dizer por que não temos paz”.

Evangelização – Mas se um dos principais objetivos das religiões é levar seu entendimento sobre Deus aos outros, haverá algum momento em que elas irão discordar. É quando o respeito pelo outro e pelo diferente precisa prevalecer e, de certo modo, essa é outra lição das religiões na construção da paz. “O embate acontece se eu acredito que a minha religião é a única verdadeira”, afirma padre Bizon. “Segunda nossa tradição católica, devemos anunciar Jesus Cristo, que veio para salvar a todos e não alguns. Mas não podemos ignorar que há outras tradições religiosas que também apresentam seu modo de viver”, completa. Pastor Romeu indica que a religião, além de ser em primeiro lugar sinal de convicção de fé, precisa ser ainda apresentada e confrontada pela via do diálogo. “Eu posso até tentar convencer o outro em favor da minha religião, fazer proselitismo. Mas preciso fazer isso com argumentos e, sobretudo, com uma postura de diálogo profundamente respeitosa”, distingue.
O diácono Pablo ressalta a importância de se levar em consideração a bagagem e a vivência que a outra pessoa carrega. “Os conflitos surgem quando o orgulho humano não aceita o outro em sua particularidade, em sua própria caminhada e história. Caso as coisas não sejam como nós queremos, ou no tempo em que queremos, é preciso ter paciência e respeito”, lembra. E isso parece não ter faltado, na visão do sheik David Munir, imã da Mesquita de Lisboa (Portugal), quando do abraço histórico do papa Francisco, o rabino Abraham Skorka e o sheik Omar Abboud, em Jerusalém: “É pelo conhecimento do outro que o entendemos e se estabelece o mútuo respeito. E só se chega ao conhecimento de Deus a partir do respeito que estabelecermos entre nós”. Respeito que, aliás, deve estar presente em todos os momentos. Padre José Bizon lembra que quando, por exemplo, estamos no trânsito e alguém nos dá uma fechada, por descuido ou má intenção, geralmente queremos fazer o pior com a outra pessoa. Mas é preciso, justamente nessas situações, controlar nossos gestos desumanos e dar ao menos uma chance à paz. “Alimentar o perdão, a desculpa, a delicadeza, seja onde for”, pontua.
Justiça – Segundo religiosos e religiosas, uma autêntica prática da fé, além de não contribuir para a violência, não é passiva ao se confrontar com os problemas da sociedade. A tal propósito, a monja budista Coen Sensei ensina que as religiões contribuem para a paz “educando seres de paz, em paz e na paz, e renovando os valores éticos básicos de nosso pequeno mundo globalizado”. A ética, segundo ela, é uma das boas contribuições das religiões ao mundo. Já o pastor Romeu lembra que a palavra paz em hebraico – shalom – tem um sentido mais amplo. “Implica estar completo, são e bem em todos os sentidos. Ela tem um sentido social e religioso. Não se trata apenas da ausência de guerras e conflitos entre as pessoas, mas também da reconciliação com Deus, que possibilita a paz com os nossos semelhantes. É uma paz com justiça que gera satisfação pessoal e coletiva”, orienta. Citando Paulo apóstolo, padre José Bizon arremata que a paz é fruto da justiça. “A religião é ética e trabalha pela paz que gera justiça. Precisa ser aquela que se põe ao lado de quem tem dor, de quem está sofrendo ou sendo explorado”, completa.
O papa Francisco, em sua recente mensagem para o Dia Mundial da Paz, comemorado em 1º de janeiro, fala exatamente de uma das causas da injustiça. “A indiferença para com o próximo – filha da indiferença para com Deus – assume as feições da inércia e apatia que alimentam a persistência de situações de injustiça e grave desequilíbrio social, as quais podem levar a conflitos ou gerar um clima de descontentamento que ameaça desembocar, mais cedo ou mais tarde, em violências e inseguranças.”
A mensagem do papa reforça ainda a necessidade de mudar a mentalidade de que a paz é algo passivo. “A paz é fruto de uma cultura de solidariedade, misericórdia e compaixão. Cada um é chamado a reconhecer como se manifesta a indiferença na sua vida e a adotar um compromisso concreto que contribua para melhorar a realidade onde vive, a começar pela própria família, a vizinhança ou o ambiente de trabalho.” Em razão disso, o pastor Romeu ressalta a importância de ser justo, honesto e cuidar dos menos favorecidos sem explorar ninguém, e alfineta: “Cremos que não é nada difícil confrontar esses alicerces básicos com o que acontece em nosso País hoje e poder dizer por que não temos paz”.

Evangelização – Mas se um dos principais objetivos das religiões é levar seu entendimento sobre Deus aos outros, haverá algum momento em que elas irão discordar. É quando o respeito pelo outro e pelo diferente precisa prevalecer e, de certo modo, essa é outra lição das religiões na construção da paz. “O embate acontece se eu acredito que a minha religião é a única verdadeira”, afirma padre Bizon. “Segunda nossa tradição católica, devemos anunciar Jesus Cristo, que veio para salvar a todos e não alguns. Mas não podemos ignorar que há outras tradições religiosas que também apresentam seu modo de viver”, completa. Pastor Romeu indica que a religião, além de ser em primeiro lugar sinal de convicção de fé, precisa ser ainda apresentada e confrontada pela via do diálogo. “Eu posso até tentar convencer o outro em favor da minha religião, fazer proselitismo. Mas preciso fazer isso com argumentos e, sobretudo, com uma postura de diálogo profundamente respeitosa”, distingue.
O diácono Pablo ressalta a importância de se levar em consideração a bagagem e a vivência que a outra pessoa carrega. “Os conflitos surgem quando o orgulho humano não aceita o outro em sua particularidade, em sua própria caminhada e história. Caso as coisas não sejam como nós queremos, ou no tempo em que queremos, é preciso ter paciência e respeito”, lembra. E isso parece não ter faltado, na visão do sheik David Munir, imã da Mesquita de Lisboa (Portugal), quando do abraço histórico do papa Francisco, o rabino Abraham Skorka e o sheik Omar Abboud, em Jerusalém: “É pelo conhecimento do outro que o entendemos e se estabelece o mútuo respeito. E só se chega ao conhecimento de Deus a partir do respeito que estabelecermos entre nós”. Respeito que, aliás, deve estar presente em todos os momentos. Padre José Bizon lembra que quando, por exemplo, estamos no trânsito e alguém nos dá uma fechada, por descuido ou má intenção, geralmente queremos fazer o pior com a outra pessoa. Mas é preciso, justamente nessas situações, controlar nossos gestos desumanos e dar ao menos uma chance à paz. “Alimentar o perdão, a desculpa, a delicadeza, seja onde for”, pontua.
Fonte: Fc edição 961, Janeiro de 2016
Postado por: Família Cristã
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