A profissão de uma vida
Data de publicação: 18/10/2013
Rosângela Barboza
Pessoas que passaram uma vida inteira exercendo a mesma profissão, longe de serem exemplos de acomodação, revelam um profundo amor pelo ofício que abraçaram.
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Francisco Vilano é uma dessas pessoas. Seu Chiquinho, como é mais conhecido, ostenta o título de barbeiro mais tradicional do bairro paulistano da Vila Mariana. Este mês, ele completa 94 anos, 80 dos quais dedicados a fazer barbas e cortar cabelos. Quem o conhece, logo vê que se trata de um senhor disposto e simpático, sempre trajando um tradicional avental branco. Ao longo de tantos anos de profissão, Seu Chiquinho conquistou uma vasta clientela. Por isso, inicia sua rotina diária de trabalho às 7 horas e só retorna para casa às 20 horas. “Corto uma média de 500 cabelos por mês” – conta, satisfeito. O segredo de tanta saúde? “É o trabalho” – vai logo adiantando.“Também não faço extravagâncias. Não tenho vícios, não exagero na alimentação e na bebida, e não fumo. Tomo vinho no almoço e no jantar, mas sempre com moderação” – completa.
Filho de italianos, Seu Chiquinho nasceu na própria Vila Mariana. O amor pela profissão surgiu ainda menino, quando ajudava o tio, também barbeiro. Aos 11 anos, começou a barbear os clientes e, aos 12, passou a cortar cabelos. Em 1935, ainda muito jovem, abriu sua própria barbearia, sempre presenciando muitos fatos históricos e observando o crescimento da cidade e de seu bairro. Dentre seus orgulhos cita o fato de terem colocado os cabelos sob o cuidado de sua tesoura políticos como o ex-presidente da República, Jânio Quadros, e o deputado federal e jornalista Freitas Nobre.
Viúvo há 26 anos, Seu Chiquinho abre um sorriso quando conta que tem três filhos, oito netos e cinco bisnetos. A família, para ele, é também a fonte de sua juventude. Assim como as boas amizades. “Sempre aprendi a respeitar muito as pessoas” – afirma. Tradicional, tem um gosto apurado pela música clássica, e, para manter a mente ativa, não dispensa as palavras cruzadas.
O barbeiro Chiquinho já fez muitos cortes femininos, mas hoje só corta cabelos masculinos. “As mulheres são muito exigentes” – confessa. E cortes mais arrojados, como aqueles em estilo moicano? Nem pensar. “Não faço. Parece que perco a minha tradição” – justifica. Se tivesse a oportunidade de começar tudo novamente, ele não tem dúvida de que escolheria a mesma profissão. “Não conheço outra. E foi como barbeiro que criei a minha família” – conta, sem disfarçar o orgulho.
Fonte: Família Cristã 901 - Jan/2011
Postado por: Família Cristã
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