Os profissionais de Deus
Data de publicação: 24/07/2018

Por, Nathan Xavier
Dois padres mostram que suas profissões anteriores, um publicitário e outro médico, os ajudaram a ser melhores sacerdotes
Ao longo da história da Igreja há diversos relatos de mudanças radicais de vida. Não é à toa que a expressão popular “mudar da água para o vinho”, utilizada no dia a dia dos brasileiros, é claramente inspirada no primeiro milagre de Jesus, que, segundo a Bíblia, transformou uma substância em outra numa festa de casamento. O que muitas vezes esquecemos é que esse tipo de mudança ainda acontece em larga escala nos nossos dias. É o pai de família, a mãe, o irmão, seu vizinho e, também, àqueles que Deus chama para uma entrega maior: os religiosos e religiosas. Deles se destacam algumas histórias curiosas. Infelizmente ainda é comum a ideia entre as pessoas, principalmente não cristãs, de que se tornar padre ou freira foi a última opção do vocacionado. A realidade, no entanto, é bem diferente. Ao conversar com padres e freiras se tem a impressão de que o desejo dessa vocação já estava ali, como uma semente. A medida que o tempo passa, os acontecimentos da vida só vão reforçando e fazendo crescer aquela semente. Até que uma hora não tem como escapar, mesmo que a pessoa tenha seguido outro caminho até aquele momento.
Dois padres mostram que suas profissões anteriores, um publicitário e outro médico, os ajudaram a ser melhores sacerdotes
Ao longo da história da Igreja há diversos relatos de mudanças radicais de vida. Não é à toa que a expressão popular “mudar da água para o vinho”, utilizada no dia a dia dos brasileiros, é claramente inspirada no primeiro milagre de Jesus, que, segundo a Bíblia, transformou uma substância em outra numa festa de casamento. O que muitas vezes esquecemos é que esse tipo de mudança ainda acontece em larga escala nos nossos dias. É o pai de família, a mãe, o irmão, seu vizinho e, também, àqueles que Deus chama para uma entrega maior: os religiosos e religiosas. Deles se destacam algumas histórias curiosas. Infelizmente ainda é comum a ideia entre as pessoas, principalmente não cristãs, de que se tornar padre ou freira foi a última opção do vocacionado. A realidade, no entanto, é bem diferente. Ao conversar com padres e freiras se tem a impressão de que o desejo dessa vocação já estava ali, como uma semente. A medida que o tempo passa, os acontecimentos da vida só vão reforçando e fazendo crescer aquela semente. Até que uma hora não tem como escapar, mesmo que a pessoa tenha seguido outro caminho até aquele momento.

Já o padre fortalezense Tiago Gurgel do Vale foi ainda um pouco mais longe antes de entrar no seminário. Era médico pediatra, com mestrado em Farmacologia e estava há um ano e meio no doutorado em Neurociências, quando entrou para o seminário. Mas a vocação surgiu mesmo bem antes, ainda na faculdade de Medicina, em Fortaleza. “No meu primeiro ano eu sofri um processo inicial de conversão associado com a morte do meu avô. Eu me voltei mais para a Igreja e para a confissão, e comecei a participar de um grupo de jovens universitários. Na época tínhamos o hábito de participar uma vez por semana da missa no Carmelo de Santa Teresinha. Um dia senti forte no meu coração que eu precisava dedicar minha vida de forma integral a Deus.”
Participando numa paróquia franciscana, veio o desenho de se tornar frade, mas ao chegar a época de entrar para o seminário, sua família achou mais prudente ele terminar a faculdade. Veio a formatura, o mestrado e até uma namorada. “E não pensava mais nisso, mas no meu coração sempre tive o desejo de servir a Deus de forma mais radical”. Tiago dividia-se ministrando aulas na faculdade de Medicina e trabalhando em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) infantil e neonatal, quando a faculdade achou por bem que ele cursasse o doutorado em São Paulo. Na cidade paulista, Tiago se reaproxima da Igreja, ajudando numa paróquia. “Foi nesse período que o padre onde eu ajudava me chamou para acompanhar o grupo de jovens que ia para a Jornada Mundial da Juventude de Colônia, na Alemanha, com o papa Bento XVI. Quando cheguei a Colônia foi algo muito impactante. Aquela expressão de fé, de religiosidade dos jovens com o papa é uma coisa muito impressionante. Foi algo imediato e forte. Quando voltei de lá conversei com esse padre. Eu nunca havia falado nada a ele sobre consagrar minha vida e ele me falou sobre a vocação sacerdotal diocesana. Nunca havia me passado pela cabeça em ser padre diocesano! Na verdade não passava pela minha cabeça ser padre, pensava em ser religioso, irmão, de viver a vida de uma forma mais radical. E, quando ele falou sobre o que é ser um padre diocesano, foi como se ele tivesse me descrito. Quando eu comuniquei à minha família, Deus já havia preparado o coração deles nesses anos todos de maneira que meus pais não colocaram nenhum empecilho, ao contrário, me deram muito apoio.”
Participando numa paróquia franciscana, veio o desenho de se tornar frade, mas ao chegar a época de entrar para o seminário, sua família achou mais prudente ele terminar a faculdade. Veio a formatura, o mestrado e até uma namorada. “E não pensava mais nisso, mas no meu coração sempre tive o desejo de servir a Deus de forma mais radical”. Tiago dividia-se ministrando aulas na faculdade de Medicina e trabalhando em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) infantil e neonatal, quando a faculdade achou por bem que ele cursasse o doutorado em São Paulo. Na cidade paulista, Tiago se reaproxima da Igreja, ajudando numa paróquia. “Foi nesse período que o padre onde eu ajudava me chamou para acompanhar o grupo de jovens que ia para a Jornada Mundial da Juventude de Colônia, na Alemanha, com o papa Bento XVI. Quando cheguei a Colônia foi algo muito impactante. Aquela expressão de fé, de religiosidade dos jovens com o papa é uma coisa muito impressionante. Foi algo imediato e forte. Quando voltei de lá conversei com esse padre. Eu nunca havia falado nada a ele sobre consagrar minha vida e ele me falou sobre a vocação sacerdotal diocesana. Nunca havia me passado pela cabeça em ser padre diocesano! Na verdade não passava pela minha cabeça ser padre, pensava em ser religioso, irmão, de viver a vida de uma forma mais radical. E, quando ele falou sobre o que é ser um padre diocesano, foi como se ele tivesse me descrito. Quando eu comuniquei à minha família, Deus já havia preparado o coração deles nesses anos todos de maneira que meus pais não colocaram nenhum empecilho, ao contrário, me deram muito apoio.”

Padre Tiago, atualmente em Roma, em seu segundo doutorado dessa vez em Bioética, reflete: “Quando eu decidi fazer Medicina sempre tive aquele ideal humanista de servir o outro, de estar próximo do doente, do caído. Era o ideal de ser médico. E esse é o chamado que Deus faz a todo sacerdote e algo que papa Francisco tanto enfatiza”. Se o marketing para padre Pedro o ajuda a trabalhar com mais eficácia e eficiência a evangelização em sua paróquia, para padre Tiago a Medicina também o auxilia a entender melhor o fiel. “Logo depois de ordenado eu fui colocado no Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo como capelão. Usava um jaleco branco, da capelania, e no primeiro dia, me dirigi a um doente para levar ajuda espiritual e o Sacramento da Unção dos Enfermos, ele olhou para mim e me associou a um médico. Foi falando da enfermidade dele quando disse que eu era o padre. Ele abriu um sorriso e começou a falar daquilo que é mais próprio da alma, dos sentimentos, da relação que ele estava tendo com os médicos e enfermeiros, dificuldades com a família. Ele precisava ser escutado, precisava desabafar da vida dele, dos sofrimentos dele, das incapacidades relacionadas com a enfermidade. Para mim, foi interessante perceber que, como médico, muita vezes você não consegue escutar bem seu paciente, dar a liberdade que ele precisa pra falar de outros problemas que não sejam necessariamente a doença, mas que também são importantes. Hoje se sabe que relacionamentos mal trabalhados entre mãe e filha, por exemplo, podem ocasionar doenças como a bulimia. Não que seja necessariamente só por isso, mas é um fator forte. Também há relatos relacionados ao aparecimento de tumores na mama. Então é muito importante esse atendimento espiritual. Eu diria que ser padre me ajudou muito mais a ser médico por estar mais perto da alma das pessoas.”
Fonte: FC edição 987, Março de 2018
Postado por: Família Cristã
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