Sonho desperto
Data de publicação: 26/12/2018
Jovens de diferentes estados do Brasil, focados no coletivo, buscam uma carreira e uma profissão que favoreça a comunidade onde vivem

Os jovens professores Alessandro e Izabel, o comunicador Wanderson, e os atores Samantha e Marcos acreditam que a mudança nasce do comprometimento próprio e que a transformação social só ocorre a partir da ação de pessoas. “Sonhar é acordar-se para dentro”, dizia o poeta e escritor Mário Quintana. E, nessa perspectiva, aponta-se o resultado de uma pesquisa no site: http://osonhobrasileiro.com.br, realizada a partir de um estudo sobre o Brasil e o futuro baseado no ponto de vista de jovens de 18 a 24 anos. Pautada nessa pesquisa, a REVISTA FAMÍLIA CRISTÃ entrevistou cinco jovens que falam da concretização de sonhos realizáveis que gerem um impacto positivo na vida dos brasileiros e, sobretudo, na comunidade onde vivem. Eles partilham o compromisso a que estão se propondo desempenhar os cenários futuros em que se veem atuando.
Pela estrada, em busca da educação
Por, Natalia Laurino
Pela estrada, em busca da educação
Por, Natalia Laurino

O sonho do estudante e professor Alessandro, como estudante, é buscar crescer e ajudar a melhorar a educação através do seu trabalho como professor, incentivando seus alunos a estudarem para no futuro tornarem-se profissionais na comunidade. “O que estou fazendo para melhorar o lugar onde eu moro é estudar e repassar aos meus alunos a aprendizagem que eu estou tendo, conscientizando-os para uma visão crítica e social. Procuro despertar neles valores como amizade, respeito, dignidade e amor ao próximo e tornar a sociedade, em especial a nossa comunidade, mais justa e fraterna. A partir de meu trabalho na educação, procuro contribuir para minha realidade como ser humano em crescimento e também incentivar os alunos a estudar cada vez mais para ter uma profissão em nossa comunidade e a valorizá-la e fazer acontecer mudanças que são necessárias na comunidade, mostrando que são cidadãos conscientes e que lutam pelo bem”, ressalta com entusiamo o jovem professor.
O bem, nas ondas do rádio
Por, Karla Maria
A rádio nasceu do desejo de algumas lideranças da comunidade denunciarem os problemas no Jardim Vista Alegre. O ano era 1995, e coordenados pelo padre Cilto José Rosembach, também jornalista e presidente da Associação Cantareira, uma organização não governamental que mantém a Rádio Cantareira FM. O funcionamento da rádio demandava capacitação das lideranças e assim foi criado o primeiro curso de comunicação para radialistas, oferecido entre outubro e dezembro de 1995, com 60 horas de duração. Wanderson foi um dos alunos, teve aulas teóricas e em estúdio, para a produção de programas de rádio, release e articulações de imprensa.
Hoje, formado em Locução Profissional e Sonoplastia, pode contribuir com a comunidade com seu trabalho voluntário, sendo monitor e professor de cursos de Edição de Áudio e Mesa de Som na Associação Cantareira. “Foi aqui que tive a base da comunicação, que foi fundamental para a minha formação. Nunca me imaginei como professor, e o fato de repassar o que aprendi para outras pessoas faz com que a gente se sinta muito bem como pessoa. Fazendo uma releitura da minha vida, muita coisa mudou por conta da comunicação. Sou muito feliz por fazer algo que me completa”, afirma Wanderson, lembrando que a felicidade se completa quando pensa no bem comum que seu trabalho promove. “Acredito que um comunicador popular deva, acima de tudo, ter respeito pelo próximo e utilizar sua capacidade para contribuir de alguma forma, mesmo que pequena, com o bem da comunidade.”
Aos 25 anos, o jovem mora com os pais e com suas irmãs. “Eles sempre me apoiaram e ainda hoje me apoiam em minhas escolhas e incentivam o meu trabalho”, diz Wanderson, destacando o papel da família em sua busca e realização profissional. Para ele, esse apoio é muito importante, porque encoraja e enriquece ainda mais a formação.
Seu sonho hoje é adquirir um carro, e diz soltando um sorriso. “Acho que assim, como a maioria das pessoas, busco uma qualidade de vida melhor e ajudar minha família.” Talvez Wanderson Cruz, assim é seu nome de locutor, pense nos morros da Brasilândia, um sobe e desce desordenado, onde sua voz já alcança cerca de 20 mil pessoas, e seu trabalho voluntário, tantas outras, formando e incentivando a reescreverem suas próprias histórias.
No teatro, o sentir-se gente
Por, Rodrigo Apolinário
Acompanhado da namorada, Samantha Pimentel, de 22 anos, também jornalista, atriz e multiplicadora de TO, forma uma dupla pensante e atuante que, enquanto jovens, tem modificado a história de outros jovens nordestinos. Naturais e moradores de Campina Grande, cidade do agreste da Paraíba, localizada a cerca de 120 quilômetros da capital João Pessoa, Marcos e Samantha descobriram o TO há pouco mais de quatro anos. Membros da Pastoral da Juventude da Diocese de Campina Grande e donos de personalidade ousada, eles fundaram o Núcleo de Estudos e Práticas do Teatro do Oprimido (Neto-PB) e encontraram nessa manifestação teatral uma maneira de chegar ao coração das pessoas, em especial dos jovens.
“Como cristão, acredito na possibilidade de um mundo melhor, na construção da civilização do amor, na caminhada para fazer o Reino de Deus ser vivido aqui na Terra. O TO me ajuda a promover isso. Com ele eu consigo chegar a espaços que participando apenas da Pastoral da Juventude eu não conseguiria”, diz Marcos.
Dentre as atividades de maior destaque que o casal já liderou está o Projeto Estética do Oprimido e Teatro Legislativo contra a Violência Doméstica na Paraíba, promovido no ano passado, resultado de uma parceria entre o Neto-PB, o Centro de Teatro do Oprimido (CTO) e a Companhia de Dança Raízes. Durante três meses, vários multiplicadores do TO visitaram entidades formadas por mulheres, buscando questionar os problemas vividos por elas e estimulá-las a encontrar soluções.
“Apenas em Campina Grande, visitamos instituições como a Associação das Empregadas Domésticas, a Casa da Mulher e o Presídio Feminino. Lembro que em uma delas uma mulher estava muito tímida, passamos um exercício para que em duplas vivenciassem o papel de marido e mulher, e a que estava retraída conseguiu liberar vários sentimentos, como o de se sentir submissa, escrava do esposo”, diz Samantha.
“Lidar com mulheres excluídas é muito importante pra mim. Primeiro porque reconheço que são mulheres, seres humanos que merecem respeito. Em seguida, vejo no rosto delas quanto sofrem, mas consigo através da arte fazer com que superem esses sentimentos e possam viver melhor”, frisa a atriz.
Fonte: Revista Família Cristã Setembro 2012
Postado por: Família Cristã
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