Pontos nevrálgicos nos textos históricos acabaram por fornecer elementos para o enredo inconseqüente de Brown.

 Um grande mérito precisa ser destacado na recente obra de Dan Brown - O código da Vinci - romance e filme. Aliás, dois: primeiro, o destaque que ele deu - mas não soube aproveitar - à influência da mulher na formação das primeiras comunidades cristãs; e, segundo, o fato de ter provocado, quase que como um efeito colateral, um debate, uma reflexão mais fundamentada sobre temas importantes relativos à configuração que o cristianismo foi assumindo nos primeiros séculos de sua existência.

      Convenhamos, nunca se discutiu tanto e tão abertamente os acontecimentos da vida de Jesus como agora. Mas, afinal, haveria mesmo um código secreto? Jesus não teria sido quem imaginamos ter sido? Madalena não teria sido apenas sua discípula, mas também esposa, com quem teria tido uma filha? Os evangelhos teriam sido forjados? A Bíblia teria surgido de uma decisão do imperador Constantino?

      Para decifrar essas e muitas outras intrigantes questões e recompor a história do cristianismo, o exegeta Pedro Lima Vasconcellos dedicou os últimos meses a uma exaustiva análise da história das origens cristãs, consultando estudos de renomados especialistas.

   Suas conclusões - e conseqüentemente a quebra de muitas deduções e afirmações da trama de conspiração de Dan Brown - resultaram no livro O Código da Vinci e o cristianismo dos primeiros séculos. Não o fez como resposta às provocações do cineasta, mas por concluir que muito do sucesso do filme e do romance se deve às lacunas dos textos bíblicos. Isso não é ficção: realmente pouco se conhece da trajetória cristã, mesmo de seus momentos mais nebulosos.

      Pacientemente o autor traz às claras o que se sabe de indiscutivelmente histórico sobre as origens cristãs, como a verdadeira relação entre Jesus e Madalena. Tal relacionamento é situado no contexto do papel social desempenhado pelas mulheres e confrontado com os muitos casos de opção celibatária de homens de seu tempo. Analisa as relações do cristianismo com o poder imperial e restabelece a figura de Constantino, pervertida no filme e no livro.

      Obviamente que o autor teve como norte muitas das afirmações de Dan Brown, que, confundindo dados históricos e mesclando-os com outros totalmente fictícios, causou enorme impacto entre cristãos e não cristãos. Sua trama inverossímil conseguiu fisgar um público sequioso de segredos e de mistérios, desinformado e afeito às insinuações mal fundadas dos meios de comunicação capitalista.

      Vasconcellos não adota postura simplista da mera apologética - infelizmente adotada por muitos membros da própria Igreja Católica - e procura verificar os pontos nevrálgicos que acabaram por fornecer elementos para o enredo inconseqüente de Brown. A busca é, no fim das contas, pela verdade, ocultada por detrás de mais um produto da cultura da indústria cultural e pela repetição do discurso.

Título: O código da Vinci e o cristianismo dos primeiros séculos
Autor: Pedro Lima Vasconcellos
Coleção: O que você não viu no filme...
Formato: 13,5 x 20,0
Páginas: 136
Preço: R$ 16,60
Código: 51044-0
ISBN: 85-356-1825-2

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