Muito já se falou sobre Charles de Foucauld, então, que novidade pode nos trazer Antoine Chatelard em sua obra Charles de Foucauld - O caminho rumo a Tamanrasset? A origem desse escrito pauta-se em um texto gravado, transcrito e relido, mas mantido em linguagem falada, divulgado com o título Um Regard neuf sur Charles de Foucauld (Um olhar novo sobre Charles de Foucauld). O texto rapidamente se esgotou, demonstrando que o interesse despertado exigiria uma publicação revista e aumentada.

Esse “novo olhar” é resultado de uma abordagem diferenciada da vida e dos escritos do Irmãozinho de Jesus. Desde o começo, o autor se propôs a limitar a momentos precisos da vida de Charles, situando as circunstâncias por meio de acontecimentos detalhados e levando em conta a cronologia para identificar as verdadeiras motivações. Tamanrasset é um povoado de vinte famílias em plena montanha no coração de Hoggar e dos Dag-Ghali, sua principal tribo, e distante de todos os centros importantes. Ali, Foucauld, apesar das tentações e das hesitações, fez morada, buscando aprimorar seu estilo de vida religiosa.

Ao contrário de uma visão geral, capaz de apresentar de imediato todo o seu itinerário, o livro segue por caminhos inusitados, que descortinam admiráveis episódios pouco conhecidos. Também irmãozinho de Jesus, Chatelard vasculha os recônditos da alma de Foucauld, não apenas em seus escritos espirituais, mas nos detalhes da vida; observa de perto o comportamento e os aspectos menores de um grande homem; interessa-se pelos traços mais constantes de seu temperamento. Empreendida sem nenhuma pretensão, sua pesquisa permite descobrir a cada etapa uma nova dimensão de humanidade e de santidade desse homem que morreu aos 58 anos.

Embora focado em alguns momentos específicos dessa vida, o livro não omite as evoluções e as mudanças de orientação, mudanças estas que têm sempre origem num “movimento interno” ou num “impulso profundo” que suscita um “desejo intenso” e se torna um “dever”. Essas palavras, encontradas nos textos de Charles de Foucauld e ainda mais frequentemente nos bilhetes do Padre Huvelin, seu diretor espiritual, a quem ele pedia conselhos e diretivas, convidam o leitor a descobrir o que explica seu itinerário e o torna uno, em meio a experiências múltiplas, até a chegada a Tamanrasset. A “força que o move” permanece misteriosa, fora do comum, intrigando a todos os que se interessam por essa personalidade tão atraente, que confunde uns e fascina outros.