Doze anos de carreira, nove CD's. E Pe. Fábio de Melo volta a inovar. A exemplo do último trabalho, Sou um Zé da Silva e outros tantos, o cantor e compositor lança agora Enredos do meu povo simples, mais autoral, mais intenso. "Creio no poder de comunicação religiosa da música popular, e tento fazer com que as músicas sejam a ponte entre a palavra de Deus e o coração dos brasileiros", diz.

São treze canções, muitas delas grandes clássicos de nossa MPB, e um poema. As letras traduzem valores característicos, próprios de pessoas humildes, valores. O arranjador Bruno Moltes, que esteve à frente do primeiro CD "caipira" de Pe. Fábio buscou valorizar, aqui, o toque "simples" das melodias com instrumentos como viola caipira, acordeon, bandolim, entre outros.

Três canções e o poema são de autoria de Fábio, "Enredos de meu povo simples"; "Lamento dos imperfeitos"; e "Vale viver"; e o poema "Saudades da mãe". As demais músicas do repertório do CD são já conhecidas: "Folia" (Lourenço Baeta e Xico Chaves); "Tristeza do Jeca" (Angelino de Oliveira); "Luar do sertão" (Catullo da Paixão Cearense); "Viola e vinho velho" (Almir Sater e Paulo Simão); "O Rouxinol" (Milton Nascimento); "Fogão de lenha" (Carlos Colla, Xororó e Maurício Duboc); "Flor de ir embora" (Fátima Guedes); "Razões" (Almir Sater e Paulo Simões); "O homem bom" (Paulo Sette e Clayton Querido); e "Terra tombada" (José Fortuna e João Dorácio).

Como diz Padre Fábio, são canções que ultrapassam o limite da música católica para atingir um público bastante eclético e, claro, religioso. "Tudo aquilo que é bonito, que naturalmente toca o coração das pessoas e as fazem repensar sobre seus valores, é, de alguma forma, religioso. Não tenho direito de dizer que é católico, mas é religioso, e é o que importa".

A escolha das músicas levou em conta a memória afetiva do povo e, de alguma forma, a tradução de sentimentos, de experiências de vida, às vezes de uma vida inteira. Assim como o CD anterior (Zé da Silva), Enredos do meu povo simples nasceu nos palcos, nos momentos de mais religiosidade. "Ao cantar músicas como estas no palco, posso observar o sorriso no rosto de cada pessoa, e isso é uma confirmação de que tal música, tal letra, a ajuda a entender as coisas de Deus."